O que Giselli Bianchini tenta esconder? Assessores limpam a sujeira
Entre os mandatos da Câmara Municipal, o gabinete da vereadora Giselli Bianchini adota uma prática que foge do padrão institucional da Casa. A equipe oficial responsável pela limpeza não tem autorização para realizar o serviço no local. Não entra, não possui acesso e não dispõe de chave.
Nos demais gabinetes, o procedimento é simples e padronizado. Os profissionais encarregados da limpeza circulam normalmente, têm acesso aos espaços e executam suas funções de rotina. No gabinete da vereadora, porém, a faxina é realizada exclusivamente por assessores parlamentares, pessoas contratadas para atividades políticas, administrativas e legislativas, e não para serviços gerais.
Essa prática não ocorre de forma pontual ou excepcional. Trata-se de um procedimento adotado de maneira recorrente, o que afasta qualquer interpretação de improviso. A sujeira que eventualmente se acumula no gabinete não é removida por servidores ou terceirizados designados para essa finalidade, mas por assessores diretamente subordinados à parlamentar.
Do ponto de vista administrativo, o cenário levanta um problema objetivo. Assessor parlamentar não é contratado para executar serviços de limpeza. Quando esse tipo de atividade passa a integrar a rotina funcional, especialmente havendo equipe específica para isso, configura-se a possibilidade de desvio de função. Na administração pública, cargos possuem atribuições legais definidas, e o uso fora desses limites fere princípios básicos como legalidade, moralidade e eficiência.
Esse aspecto ganha ainda mais peso quando se considera que a vereadora é advogada. A formação jurídica afasta qualquer alegação de desconhecimento. Espera-se de quem atua no Legislativo e possui conhecimento técnico do Direito plena consciência de que impor tarefas alheias ao cargo pode gerar consequências administrativas e judiciais.
O risco não é apenas teórico. Assessores submetidos a funções incompatíveis com o cargo podem, ao deixar o gabinete, ingressar com ações judiciais contra a Câmara Municipal e, dependendo do caso, questionar ordens diretas oriundas do próprio mandato. Situações semelhantes já foram analisadas pelo Judiciário e costumam resultar em desgaste institucional e custos ao erário.
Nada disso significa, automaticamente, a prática de crime. No entanto, também não se trata de um detalhe irrelevante. A conduta exige esclarecimentos. Por que impedir a atuação da equipe oficial de limpeza? Por que substituir servidores designados por assessores políticos? Por que adotar um procedimento diferente daquele seguido por todos os demais gabinetes?
Transparência não se resume a discursos ou publicações em redes sociais. Ela se manifesta no cotidiano administrativo, em regras simples e iguais para todos. Quando até a limpeza de um gabinete é controlada e retirada do fluxo normal da Casa, um sinal de alerta se acende.
Gabinetes parlamentares não são espaços privados. São ambientes públicos, mantidos com recursos do contribuinte, e devem obedecer aos mesmos padrões institucionais. A criação de regras próprias, especialmente quando afastam servidores responsáveis e deslocam assessores para funções que não lhes cabem, apenas amplia dúvidas e alimenta desconfiança.
Diante desse cenário, do bloqueio ao acesso da equipe oficial de limpeza e da decisão consciente de concentrar a faxina nas mãos de assessores, a pergunta permanece inevitável. O que se esconde no gabinete da vereadora Giselli Bianchini?
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Se a resposta for nada, a transparência exige gestos simples, alinhados aos adotados por todos os demais mandatos. Enquanto isso não ocorre, a dúvida permanece no ar. E não é a sujeira visível que mais incomoda, mas aquela que parece precisar ser mantida fora de vista.
Resumo claro sobre a disfunção:
✔ Cargo em comissão não pode ser usado para limpeza
✔ Ordem diária para limpar gabinete = desvio de função
✔ Existência de servidores de limpeza = ilegalidade agravada
✔ Risco de:
- ação judicial;
- condenação indenizatória;
- responsabilização administrativa e política da vereadora


