O inimigo invisível da PM no Paraná: suicídio mata mais que o confronto no Governo Ratinho Junior
Os números são públicos, verificáveis e alarmantes. Durante o governo de Carlos Massa Ratinho Junior, o Paraná registrou mais mortes de policiais militares por suicídio do que em confrontos armados com criminosos. Entre 2019 e 2025, foram 44 PMs que tiraram a própria vida, contra 5 policiais militares mortos em confronto no mesmo período.
Esse dado desmonta um discurso repetido há anos: o de que o maior risco da atividade policial está exclusivamente na rua, no enfrentamento ao crime. Não está. O maior risco hoje está no adoecimento mental silencioso, cotidiano e institucionalizado dentro da própria corporação.
O Paraná investiu pesado em estrutura, equipamentos e frota. Comprar viaturas novas e modernas, inclusive veículos de alto custo como as Dodge Ram adquiridas pelo governo, é importante. Equipar a polícia faz parte de qualquer política séria de segurança pública.
Mas é preciso dizer com clareza: viatura não trata depressão.
Carro novo não previne suicídio.
Tecnologia não substitui atendimento psicológico especializado.
O problema que não aparece nas estatísticas de operações
Os dados mostram que o maior inimigo do policial militar hoje não é o criminoso armado, mas o esgotamento emocional acumulado ao longo dos anos de serviço. O PM convive diariamente com violência, pressão por resultados, jornadas exaustivas, hierarquia rígida e, em muitos casos, assédio moral, sem receber suporte psicológico permanente e eficaz.
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O Estado investe milhões em máquinas, o que é legítimo, mas falha ao não investir com a mesma prioridade nas pessoas que sustentam a política de segurança na ponta. Segurança pública não se resume a números de prisões e apreensões. Segurança pública também é cuidar da saúde mental de quem veste a farda.
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Quando o silêncio vira política pública
Não se trata de casos isolados. Quando um governo perde mais policiais militares para o suicídio do que para o confronto armado, o problema deixa de ser individual e passa a ser estrutural, institucional e político.
Programas de apoio psicológico existem, mas os próprios números demonstram que são insuficientes. Se funcionassem de forma efetiva, não haveria 44 suicídios em pouco mais de seis anos , número quase nove vezes maior que o de PMs mortos em confronto.
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O que o governo precisa enfrentar
O governo do Paraná precisa encarar essa realidade com seriedade e urgência:
- Investir em viaturas é importante, mas investir em atendimento psicológico especializado é indispensável.
- Implantar programas permanentes, preventivos e contínuos de saúde mental para PMs.
- Combater o assédio moral e a cultura interna do silenciamento.
- Rever uma política de segurança excessivamente baseada no confronto, que adoece quem está na linha de frente.
- Garantir transparência total sobre dados de adoecimento e suicídio policial.
Conclusão
44 policiais militares mortos por suicídio.
5 mortos em confronto armado.
Esses números não podem ser tratados como estatística fria nem como dano colateral. Eles revelam uma falha grave na forma como o Estado cuida de seus próprios servidores.
Viaturas chamam atenção.
Cuidar de pessoas salva vidas.
Governar exige fazer as duas coisas.
Fontes consultadas
As informações deste editorial foram apuradas com base em dados públicos e reportagens jornalísticas, especialmente:
- Anuário Brasileiro de Segurança Pública (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), edições de 2020 a 2025
- Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP-PR) – dados oficiais e declarações institucionais
- Ponte Jornalismo – reportagens investigativas sobre suicídio e letalidade policial no Paraná
- Hora do Povo – levantamentos comparativos sobre mortes de policiais por suicídio e em confronto
- Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) – audiências públicas e debates sobre saúde mental de policiais
- Ministério Público do Paraná – relatórios e notas sobre segurança pública e controle externo policial


