Ratinho Junior e Guto Silva dão exemplo ao Brasil de como se faz Caixa 2 em campanha política?

Ratinho Junior e Guto Silva dão exemplo ao Brasil de como se faz Caixa 2 em campanha política?

Enquanto o governador Ratinho Junior apresenta o Paraná como “exemplo para o Brasil” em discursos e campanhas institucionais, um áudio que circula nos bastidores políticos do estado levanta suspeitas graves sobre práticas que remetem ao que há de mais antigo na política brasileira: Caixa 2 eleitoral e coação de servidores públicos para quitar dívidas de campanha.

Áudio atribuído a Rafael Malaguido, funcionário da Sanepar, sugere a existência de um rombo de aproximadamente R$ 4 milhões, descrito como dívida de campanha não declarada. No diálogo, Malaguido afirma que ele e Jaime, chefe de gabinete do secretário estadual das Cidades, Guto Silva, estariam buscando recursos para cobrir esse passivo por meio de contribuições forçadas de servidores comissionados.

Segundo o conteúdo do áudio, servidores da Sanepar, Copel e Cohapar teriam sido pressionados a realizar repasses que variariam entre R$ 10 mil e R$ 25 mil, sob risco de perda de cargos ou retaliações administrativas. As falas indicam que a estrutura do próprio Estado estaria sendo utilizada como mecanismo informal de arrecadação para sanar dívidas eleitorais.

Contraste entre discurso e prática

O teor da gravação contrasta diretamente com a imagem de governança, compliance e modernização administrativa propagada pelo governo estadual. Enquanto, publicamente, o Paraná é apresentado como referência em gestão eficiente, o áudio sugere que práticas associadas ao Caixa 2 e ao uso político de estatais ainda fariam parte da engrenagem de poder.

Especialistas em direito eleitoral avaliam que, caso confirmadas, as condutas descritas podem configurar crimes eleitorais, improbidade administrativa, abuso de poder político e possíveis ilícitos contra a administração pública e empresas de economia mista.

Guto Silva e a sucessão estadual

A menção direta a Jaime, chefe de gabinete de Guto Silva, adiciona peso político ao caso. Guto é frequentemente citado como um dos principais nomes do grupo governista para a sucessão de Ratinho Junior. A eventual participação de um auxiliar direto em um esquema de arrecadação irregular levanta questionamentos sobre a real natureza da chamada “nova política” defendida pelo grupo no poder.

Até o momento, nem Guto Silva nem o governo do Estado se manifestaram oficialmente sobre o conteúdo do áudio.

Menção a Jacovassi e bastidores políticos

Outro trecho da gravação menciona que “Jacovassi não cai” e que “soltariam fogos se ele caísse”. Segundo apuração, trata-se de Luiz Carlos Jacovassi, gerente regional da Sanepar. Ele teria sido nomeado para o cargo supostamente a pedido do deputado federal licenciado e atual secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, conforme informações que circulam nos bastidores políticos.

A referência reforça a percepção, presente no áudio, de que cargos estratégicos em estatais estariam sendo utilizados como instrumentos de sustentação política.

Reação na Assembleia Legislativa

Ao tomar conhecimento da reportagem de O Diário de Maringá e do conteúdo dos áudios, o deputado estadual Arilson Chiorato afirmou que pretende acionar tanto a Assembleia Legislativa quanto o Ministério Público.

Ao ver a reportagem do jornal O Diário e tomar conhecimento dos áudios, a gente vai pedir informações sobre isso. Nós vamos na Assembleia protocolar para que a Sanepar dê esclarecimento sobre isso e, ao mesmo tempo, vou procurar o Ministério Público para fazer uma denúncia, para abrir uma investigação sobre esse fato”, disse o parlamentar.

Chiorato destacou ainda a gravidade das denúncias e afirmou que o caso pode ter desdobramentos amplos. “A gente está preocupado com a gravidade disso. Já recebi mais de cinco áudios sobre isso e estou achando que vai nascer um grande problema para o povo do Paraná, em especial para o Ratinho Junior, isso aí tudo”, completou.

Órgãos de controle e próximos passos

Com a manifestação pública de um deputado estadual e a promessa de representação formal, cresce a expectativa sobre a atuação de órgãos como o Ministério Público Eleitoral, o Ministério Público do Paraná, o Tribunal Regional Eleitoral e os órgãos de fiscalização das estatais envolvidas.

Por ora, o caso segue no campo das denúncias, mas o conteúdo dos áudios e a reação política já impõem uma pergunta incômoda: se o Paraná é, de fato, uma vitrine para o Brasil, o que está sendo exposto agora é a convivência entre propaganda institucional moderna e práticas que remetem ao passado que o próprio discurso oficial afirma ter superado.

Redação O Diário de Maringá

Redação O Diário de Maringá

Notícias de Maringá e região em primeira mão com responsabilidade e ética

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *