Calor e aglomerações exigem atenção à prevenção de doenças
Sol, mar, confraternizações e refeições fora da rotina marcam o período de festas de fim de ano. As mudanças nos hábitos alimentares, o aumento das interações sociais e as altas temperaturas fazem parte do contexto vivido por grande parte da população nessa época. Esse cenário ajuda a explicar por que temas relacionados à saúde ganham destaque no período.
De acordo com Carla Kobayashi, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, esse cenário favorece o aumento de doenças como gastroenterites, intoxicações alimentares e infecções respiratórias. Segundo a especialista, as altas temperaturas, a conservação inadequada dos alimentos e o maior contato entre pessoas explicam o crescimento dos casos nessa época.
A especialista explica que as doenças gastrointestinais lideram as ocorrências no verão, pois estão relacionadas à contaminação por bactérias e vírus que se proliferam com facilidade em ambientes quentes e úmidos, especialmente quando há falhas na higiene das mãos ou na conservação de alimentos. "A principal complicação das gastroenterites é a desidratação. Por isso, é fundamental procurar atendimento médico diante de sinais como diminuição do volume urinário ou dificuldade para ingerir líquidos", reforça Carla.
A médica esclarece que, quando os alimentos ficam muito tempo fora da refrigeração ou em temperatura inadequada, como nas festas ou na praia, há maior risco de proliferação de microrganismos, como a Salmonella e a Escherichia coli.
De acordo com um estudo do Global Burden of Disease (GBD), publicado no The Lancet Infectious Diseases em 2024, as doenças diarreicas continuam sendo uma das principais causas de morte no mundo, especialmente entre crianças e idosos, apesar de uma redução expressiva nas últimas três décadas. Os principais sintomas incluem diarreia, vômitos, febre, dor abdominal e mal-estar.
Segundo Carla Kobayashi, as infecções respiratórias também apresentam aumento neste período do ano. Ela explica que, mesmo durante o calor, vírus como influenza, rinovírus, vírus sincicial respiratório e o coronavírus seguem em circulação. "As aglomerações típicas do fim de ano, como festas, encontros familiares e viagens, elevam o risco de transmissão. Os sintomas mais frequentes incluem febre, dor de cabeça, dor de garganta, coriza, tosse e dores no corpo", alerta a especialista.
O Ministério da Saúde alerta para o aumento do risco de arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, nos meses mais quentes e chuvosos. Dados oficiais indicam que, apesar de uma redução superior a 70% nos casos de dengue em 2025, entre janeiro e outubro deste ano foram registrados mais de 1,3 milhão de casos prováveis da doença no país. Segundo a infectologista, o controle do mosquito vetor segue sendo a principal estratégia para prevenir a infecção.
Dicas simples para prevenir doenças de verão:
- Higienizar bem as mãos antes do preparo dos alimentos, antes e após comer e após tossir ou espirrar;
- Evitar alimentos que ficaram muito tempo fora da geladeira, especialmente os que levam ovos ou maionese;
- Usar água potável e consumir apenas frutas bem lavadas;
- Manter-se hidratado, já que o calor favorece a desidratação;
- Evitar aglomerações se estiver com sintomas gripais;
- Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar e não compartilhar copos ou talheres.
Além disso, Carla recomenda atenção redobrada à hidratação e à alimentação leve, com preferência por frutas e alimentos frescos. "Evitar excessos e manter o cuidado com os alimentos são atitudes simples que fazem diferença para aproveitar o verão com saúde", finaliza a médica.



