Se o Paraná quer ser exemplo, Ratinho Junior precisa explicar a publicidade nas rádios e TVs do pai e a suposta dívida de R$ 80 milhões em impostos

Se o Paraná quer ser exemplo, Ratinho Junior precisa explicar a publicidade nas rádios e TVs do pai e a suposta dívida de R$ 80 milhões em impostos

O apresentador Ratinho fez, em rede nacional, uma declaração que não pode ser tratada como simples desabafo. Ao afirmar frases como “vocês roubam a gente, eu vou sonegar mesmo” e “se eu puder não vou pagar mais imposto, vou sonegar tudo”, ele ultrapassa o campo da crítica política e entra no terreno da normalização da ilegalidade. Não se trata apenas de opinião. Trata-se da legitimação pública de um crime.

Réplica de prancheta

A gravidade do episódio cresce quando se observa o contexto político. Ratinho é pai do governador Ratinho Junior, figura que se projeta nacionalmente e é citada como possível pré-candidato à Presidência da República. Quando um pai declara que sonega impostos e, ao mesmo tempo, empresas de sua família recebem verbas publicitárias do governo estadual, o debate deixa de ser retórico e passa a ser ético e institucional.

O Diário de Maringá divulga áudios explosivos e Chiorato denuncia suposto esquema na Sanepar ligado a Ratinho Junior e Guto Silva

Há questionamentos públicos, ainda supostos e que exigem esclarecimentos oficiais, sobre dívidas milionárias em impostos atribuídas ao apresentador. Em paralelo, suas rádios e emissoras de televisão recebem recursos do governo do Paraná para campanhas institucionais, inclusive com o slogan “O Paraná é exemplo para o Brasil”. Exemplo de qual prática exatamente. De moralidade fiscal. De separação entre interesses públicos e privados. Ou de tolerância com conflitos evidentes.

Se Ratinho Junior pretende se apresentar ao país como alternativa ética e administrativa, precisa começar pela transparência plena. É dever do governador esclarecer quanto o Estado paga às empresas de comunicação de seu pai, por quais contratos, com quais critérios e se há ou não favorecimento. Isso não é ataque pessoal. É exigência republicana.

O silêncio se torna ainda mais preocupante diante do escândalo envolvendo a Sanepar, que supostamente alcança o secretário Guto Silva e o núcleo político do governo. As denúncias indicam que cargos de confiança e estruturas estatais poderiam ter preço e que esse preço serviria para cobrir dívidas de campanha. Reforçamos que se trata de acusações em apuração, mas graves demais para serem ignoradas.

Um país não se constrói com discursos contra impostos enquanto se vive de recursos públicos. Não se combate corrupção relativizando a sonegação. Não se prega exemplo nacional sem explicar conflitos de interesse.

Antes de pedir votos fora do Paraná, Ratinho Junior precisa prestar contas dentro dele. O eleitor brasileiro não precisa de slogans. Precisa de respostas.

Requião Filho fala sobre o escândalo na Sanepar que suposstamente envolve Ratinho Junior e Guto Silva. Ouça

Redação O Diário de Maringá

Redação O Diário de Maringá

Notícias de Maringá e região em primeira mão com responsabilidade e ética

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *