Mercado automotivo se recupera no primeiro semestre
Ampliação do crédito melhora projeções para 2024
As vendas de automóveis apresentaram um crescimento expressivo no primeiro semestre de 2024. Dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) indicam que os segmentos de automóveis e comerciais leves tiveram um aumento de 15,26% em comparação ao mesmo período de 2023. O presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, atribui a alta nas vendas à maior disponibilidade de crédito. “Houve um aumento médio estimado em mais de 11% na oferta de crédito pelos bancos, o que impulsionou o consumo, atrelado à maior confiança do consumidor e do empresário na economia do país”, explica.
Para o economista Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia, o aumento da oferta de crédito no mercado é uma das consequências do Novo Marco de Garantias, sancionado no final do ano passado. “O Novo Marco de Garantias tem desburocratizado e agilizado os processos de crédito, permitindo que os bancos ofereçam mais financiamentos com menores taxas de juros. Com o uso melhor das garantias, as taxas de juros diminuem e o crédito aumenta”, esclarece.
Segundo Sachsida, a nova legislação é particularmente benéfica para a população de baixa renda, que enfrenta dificuldades no acesso ao crédito. O ex-ministro exemplifica com o saque-aniversário do FGTS, que possibilita empréstimos com taxas significativamente menores devido à garantia associada. “A mesma Caixa Econômica Federal que cobra de 4,5% a 5% ao mês para um empréstimo pessoal, cobra 1,2% ao mês quando se usa o saque-aniversário como garantia. A diferença está na garantia”, salienta.
O vice-presidente da Tecnobank, Luis Otávio Matias, prevê um crescimento do mercado automotivo brasileiro superior a 15% em 2024, impulsionado pela maior acessibilidade ao crédito cada vez mais acessível e pela maior eficiência no financiamento de veículos, proporcionada pelo processo extrajudicial de recuperação de veículos. “Esse procedimento, realizado junto aos Detrans por meio de empresas especializadas, torna o processo mais eficiente em custo e tempo”, explica. Matias acrescenta que essa eficiência reduz a depreciação e as taxas de juros, tornando as parcelas mais acessíveis ao consumidor.
Impacto amplo na economia brasileira
Sachsida estima que o Novo Marco de Garantias deve gerar R$ 100 bilhões por ano em novas operações de crédito nos próximos dez anos. O economista José Pio Martins prevê um impacto positivo em toda a economia devido ao maior acesso ao crédito. “O aumento da demanda por bens e serviços provoca um efeito cascata na cadeia de produção, beneficiando a indústria, criando empregos e atraindo investimentos. A médio e longo prazos, essa combinação de maior consumo, investimento e produção contribui para o crescimento econômico e o controle da inflação”, destaca.