Um raio X dos projetos de Giselli Bianchini

Um raio X dos projetos de Giselli Bianchini

A atuação parlamentar exige responsabilidade, coerência e, sobretudo, compromisso com o interesse público. Em Maringá, a vereadora Giselli Bianchini tem se destacado mais pela quantidade de projetos apresentados do que pelos resultados efetivos de sua produção legislativa.

Apesar de afirmar, em discursos na tribuna, que já protocolou 66 projetos, os registros oficiais da Câmara indicam que foram 29 Projetos de Lei Ordinária apresentados por ela em 2025. Desse total, apenas três foram aprovados. Um deles, que tratava da exigência de certidão negativa de antecedentes criminais para servidores que lidam com crianças, foi integralmente vetado pelo prefeito Silvio Barros, por vício de iniciativa e possível inconstitucionalidade.

Desvio linguístico

Além disso, três projetos foram arquivados a pedido da própria autora, dois foram devolvidos para revisão, e os demais seguem em tramitação, sem previsão de votação.

Outro ponto que chama atenção é o conteúdo de parte dessas proposições. Aproximadamente 31% dos projetos têm forte viés ideológico, girando em torno de pautas conservadoras e religiosas. Há propostas como a criação do “Dia do Patriota Conservador”, proibição da comemoração do Halloween nas escolas, fixação dos Dez Mandamentos em locais públicos e inclusão da Bíblia como material paradidático. Temas legítimos do ponto de vista do debate público, mas que, por vezes, colidem com os princípios constitucionais da laicidade do Estado ou com competências exclusivas do Poder Executivo.

Moral seletiva e o inglês da conja

O levantamento mostra ainda que cerca de 17% dos projetos apresentados podem ser considerados inconstitucionais, por invadirem competências alheias ou restringirem direitos fundamentais.

A função de um vereador não é apenas apresentar proposições, mas garantir que elas sejam juridicamente válidas, tecnicamente viáveis e socialmente relevantes. O número de projetos, por si só, não traduz eficiência legislativa. O que de fato importa é o impacto real que essas propostas geram na vida dos cidadãos.

Neste contexto, é necessário refletir. Qual o verdadeiro papel de um mandato parlamentar? É servir à cidade e seus moradores com responsabilidade e efetividade ou apenas construir discursos para alimentar narrativas?

A população de Maringá merece respostas concretas e ações à altura de suas demandas.

Redação O Diário de Maringá

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