A Ranger Dupla Branca e Patriota: A próxima moda sertaneja?

Se tem uma coisa que o Brasil entende é de colocar carro em música. A gente já cantou a dor de perder a namorada no Fuscão Preto, a alegria de rodar no interior com a Hilux do Luan Pereira, e até os benefícios de dirigir o Camarolo Amarelo do Munhoz e Mariano. Mas a verdade é que, se os carros pudessem contar suas próprias histórias, o sertanejo universitário ganharia um novo subgênero: o “sertanejo jurídico”.
E o principal astro desse novo estilo seria, sem dúvida, uma Ranger Dupla Branca. Essa picape, coitada, virou uma espécie de “testemunha ocular do crime” no nosso universo da ficção. Dizem por aí que ela tem mais segredos que um cofre bancário. Se falasse, revelaria tudo o que ouviu e viu: promessas de campanha que foram embora junto com a poeira da estrada, acordos firmados no banco traseiro e, claro, o tal do “caixa dois”, que virou uma espécie de lenda urbana da política.
Essa Ranger, no nosso enredo imaginário, está com restrição judicial. Quase como se estivesse em prisão domiciliar, proibida de rodar e de contar o que sabe. O volante, os bancos de couro, o som — tudo nela absorveu mais drama que uma novela das nove. A gente pode até imaginar a música: “Ah, Ranger branca, se você falasse / A verdade sobre a rachadinha que você viu…”. E o refrão: “Meu mandato ia pro espaço / E o meu discruso pro limbo / Por causa das sobras que a gente escondeu e das pessoas que a gente não pagou…”
O clímax da nossa história de ficção está para acontecer. Há quem diga que alguém, cansado de não receber o que foi prometido, está a ponto de “botar a boca no trombone”. E aí, a Ranger Dupla Branca, que sempre foi a cúmplice silenciosa, finalmente terá sua história contada.
No final das contas, é bom que os carros não falem. Porque se falassem, o repertório do sertanejo seria bem diferente. Em vez de moda de viola e romance, teríamos crônicas de campanha e de política. E, como toda boa história, qualquer semelhança com a realidade é pura, total e absoluta coincidência.