Professora e funcionário de escola morrem vítimas de Covid após se contaminarem no retorno das aulas presenciais
A imposição da volta às aulas presenciais no pico da pandemia de Covid 19 tem seu mais triste retrato nos falecimentos dos educadores Ironei de Oliveira e Liziane de Souza Ribeiro, ocorridos na segunda(7) e terça-feira (8), respectivamente. A contaminação e a morte de ambos após o retorno ao trabalho presencial expõe a real situação da categoria no Paraná, empurrada pelo governador Ratinho Jr para o risco de contaminação e morte no momento em que surgem variantes mais contagiosas do coronavírus. Enquanto assiste educadores e população falecendo, Ratinho Jr não tem compromissos oficiais em sua agenda oficial dessa quarta-feira (9). Para ele, é apenas um dia de tranquilidade no trabalho, mas para os 120 mil educadores(as) representados(as) pela APP-Sindicato é dia de luto e luta pelos colegas perdidos na pandemia.
Ironei era funcionário do Colégio Estadual Unidade Polo, em Campo Mourão, onde presidiu o Núcleo Sindical da APP. A escola foi militarizada no ano passado pelo Governo Ratinho Jr. Mesmo diante do caso de Ironei e de outros funcionários(as) que se contaminaram, a Secretaria de Educação é a direção da escola mantiveram o colégio funcionando. Ele faleceu um dia antes que a professora Liziane, diretora auxiliar do Colégio Estadual Elzira Correia de Sá, em Ponta Grossa. Ela era esposa do professor Tércio Alves do Nascimento, presidente do Núcleo Sindical da região.
As sucessivas mortes de educadores(as) paranaenses causam comoção na sociedade. Na Assembleia Legislativa, o deputado Professor Lemos pediu ao governador Ratinho Jr a imediata suspensão das aulas presenciais, para evitar mortes nas escolas dos 399 municípios. Liziane e Ironei são símbolos da volta às aulas no Paraná. A APP-Sindicato denuncia publicamente o Governo Ratinho Jr pela insistência em manter a volta às aulas presenciais no momento em que todos estão inseguros com o aumento de contaminação pelo coronavírus. A APP-Sindicato reafirma a Greve pela Vida, único recurso disponível aos educadores(as) para preservar sua existência diante de um governo cruel.
O Hospital Infantil Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), registrou na segunda-feira (7) número recorde de internações de crianças e adolescentes por Covid-19, com 22 pacientes, sete deles na UTI. Na Capital, a taxa de ocupação dos 542 leitos de UTI SUS exclusivos para Covid 19 era de 102% na terça-feira (8), com 9.918 casos ativos na cidade, correspondentes ao número de pessoas com potencial de transmissão do vírus. Em todo o Paraná a situação da saúde pública é parecida, mas o governador Ratinho Jr parece viver em outro mundo.
O governador se ausenta no momento em que a população clama por cuidado. A alienação de Ratinho Jr em relação à saúde da população assusta os profissionais da Educação no Paraná. Com a agenda oficial livre, ele poderia estender a possibilidade de preservar a vida também aos educadores, mas prefere insistir na crueldade de impor a volta às aulas presenciais e favorecer o descontrole da epidemia.
Nota Seed-PR
A Secretaria de Estado da Educação e do Esporte do Paraná (Seed-PR) lamenta profundamente o falecimento dos dedicados servidores. Sobre o caso relatado no Colégio Estadual Unidade Polo, em Campo Mourão, a Seed-PR esclare que até o presente dia (10/06), essa escola ainda não retornou com aulas presenciais em nenhum dia. Já sobre o caso em Ponta Grossa, segundo as informações apuradas pela Comissão de Biossegurança atuante junto ao Núcleo Regional de Educação, todas as medidas foram tomadas tão logo foi informado sobre a situação. O diretor informou que a escola estaria em trabalho remoto, e a Diretora isolada, afastada das atividades escolares. O colégio começou a funcionar no dia 24 de maio apenas para o curso técnico de Enfermagem no período noturno, com quantidade reduzida de estudantes e a maioria dos profissionais vacinados por serem da Saúde. Ninguém mais na escola apresentou sintomas, que tenha sido informado a Comissão de Biossegurança do NRE.