Entre os 23 ministros do presidente interino Michel Temer, há dois investigados e sete citados no âmbito da Operação Lava-Jato. A lista com todos os nomeados foi publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira. Os ministros do Turismo, Henrique Alves (PMDB), e da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), que deixaram o governo Dilma Rousseff, voltam a ter foro privilegiado, assim como Geddel Vieira Lima (PMDB), atual ministro-chefe da Secretaria de Governo, ao passo que nomes do governo Dilma exonerados na quinta-feira e igualmente citados perderam o privilégio, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impedido de assumir a Casa Civil, e Edinho Silva, ex-ministro da Comunicação Social. Os demais nomeados por Temer que aparecem nas investigações da Polícia Federal já ocupavam cargos que garantiam o foro.
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© 1996 – 2016. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.As evidências contra o ministro do Turismo, Henrique Alves, investigado pela força-tarefa da operação, apareceram em trocas de mensagens com executivos da OAS. Há indícios de uma atuação casada de Alves e do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na arrecadação de recursos para campanhas eleitorais. Ele teria realizado em troca de lobbies em tribunais a favor da empreiteira. Em dezembro de 2015, quando ocupava o posto de ministro do Turismo no governo de Dilma Rousseff, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão em um apartamento dele, em Natal. Segundo apuração do GLOBO, as investigações do caso de Alves são as mais avançadas.
Geddel Vieira Lima, agora ministro-chefe da Secretaria de Governo, teria realizado, segundo as apurações, lobbies para a empreiteira OAS, na Caixa Econômica Federal, na Secretaria da Aviação Civil da Presidência e na Prefeitura de Salvador. Ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica na Caixa. Geddel teria pedido ainda doações de campanha para aliados e para sua candidatura ao Senado. O peemedebista foi também ministro da Integração Nacional no segundo governo Lula. O GLOBO apontou Geddel, de maneira equivocada, como investigado, mas ele é apenas citado nas investigações.
Atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, por sua vez, aparece na delação do senador cassado Delcídio Amaral (Sem partido – MS). Segundo o delator, ele deu suporte para sua nomeação na diretoria de Gás e Energia da Petrobras em 1999, assim como Moreira Franco (PMDB), ex-ministro da Aviação Civil e de Assuntos Estratégicos de Dilma e que foi nomeado assessor especial de Temer. Moreira Franco, entretanto, não tem status de ministro.
TEMER TAMBÉM CITADO
Investigado no inquérito que apura formação de quadrilha no STF, o novo ministro de Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Romero Jucá (PMDB), é suspeito de pedir propina, a partir de contrato obtido pela UTC nas obras da usina nuclear Angra 3, disfarçada de doação eleitoral ao filho. Seu nome aparece também em trocas de mensagens entre executivos da OAS, como responsável por emenda em medida provisória de interesse do grupo. Jucá é alvo ainda da Operação Zelotes, que apura suspeitas de manipulação de julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da Fazenda.
Bruno Araújo (ministro das Cidades), do PSDB, Raul Jungmann (ministro da Defesa), do PPS, José Serra (ministro das Relações Exteriores), do PSDB, Mendonça Filho (Educação e Cultura), do DEM, e Ricardo Barros (ministro da Saúde), do PP, têm seus nomes citado nas planilhas com listas de doações feitas pelo Grupo Odebrecht a pelo menos 284 políticos. Os documentos foram apreendidos com Benedicto Barbosa Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura e um dos principais interlocutores do empresário Marcelo Odebrecht na alocação de recursos a campanhas políticas. Não há, no entanto, qualquer comprovação de que os repasses registrados correspondam à prática de caixa dois.