Doenças bucais podem interferir no rendimento esportivo
A saúde plena é fundamental para o bom desempenho de qualquer atleta, seja ele recreativo, amador ou profissional. E, garanti-la, vai muito além de testes ergométricos, sanguíneos e cardiológicos. A atenção para a saúde bucal também é fator determinante para a excelência nas práticas, garantem os especialistas.
De acordo com um levantamento realizado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o aproveitamento do atleta pode diminuir em até 22% por distúrbios na saúde bucal, pois cada modalidade de esporte é responsável por alterações muito particulares na fisiologia de seus adeptos. Nesse sentido, a odontologia esportiva pode proporcionar desde um melhor resultado no desempenho até o tratamento da respiração bucal e, além disso, identificar outras doenças.
Segundo o cirurgião-dentista Mário Cappellette Jr., presidente da Associação Brasileira de Odontologia Seção São Paulo – ABO-SP, a especialidade é nova e, portanto, repleta de desafios. “Sem dúvida, a maior questão é a consolidação científica, que ratifica a importância do cirurgião-dentista como membro imprescindível na equipe esportiva e também no ambiente educacional. Desta forma, o profissional pode atuar nas áreas multidisciplinar e multiprofissional”, explica.
De acordo com Cappellette Jr., o esportista respirador nasal tem 21% a mais de rendimento que um respirador bucal. E os atletas com foco infeccioso na boca podem perder 17% de seu rendimento máximo. “A boca é a porta para identificar enfermidades importantes como a endocardite bacteriana, lesões musculares, além de outras doenças que causam manifestações bucais como: problemas nas amígdalas, laringe, faringe, esôfago, estômago e AIDS”, conta.
O profissional da odontologia do esporte está apto para atuar em escolas, clubes, academias, consultório particular, serviço público (órgãos de esporte, saúde e educação), universidades e escolas de pós-graduação, federações, confederações e comitês esportivos, empresas específicas da área, gestão esportiva e gestão em saúde esportiva. “E, com a proximidade das Olimpíadas de Paris, este especialista tornou-se ainda mais requisitado”, revela o presidente da ABO-SP. “Os atletas do centro paraolímpico, por exemplo, estão em constante tratamento na ABO-SP, por meio de convênio, pois lesões bucais estão diretamente relacionadas a algumas outras que levam à perda de performance e rendimento. Também atendemos equipes de futebol”, diz.
As atividades esportivas podem colocar em risco a integridade dos elementos dentários. As lutas de contato costumam causar fraturas entre os seus praticantes. Os traumas vão desde a perda ou quebra – dental e óssea – até lesões ulcerativas em tecido mole e fraturas dos ossos da face. “Para esses atletas recomenda-se o uso de protetores bucais e de máscaras faciais personalizadas. A proteção diminui em 80% o risco de lesões durante os treinos e jogos. Por esse motivo, a supervisão de um profissional da área, cuja atuação vem desde prevenir e identificar doenças graves até aos cuidados diários, é mais que indispensável”, finaliza Mário Cappellette Jr.