O luto precisa ser notado, mas de que forma?
*Por Felipe Laccelva, psicólogo e CEO da Fepo Psicólogos – startup que realizou 27 mil terapias online em 2020
O cenário de pandemia enfrentado pelo mundo há quase dois anos, trouxe a morte para a rotina diária da população, infelizmente. Somente no Brasil, mais de 600 mil vidas foram perdidas, grande parte destas em 2021 pelo novo coronavírus.
O luto foi e ainda é um sentimento presente na vida dos brasileiros, que é marcado como uma cicatriz que perdura ao longo da vida de qualquer pessoa. Durante este processo, o indivíduo pode vivenciar algumas fases como: a negação, raiva, depressão, barganha e aceitação. Lembrando, que nem todas as pessoas passam por essas fases e não acontece exatamente nessa ordem para todos.
Importante ter em mente que o luto é um processo individual, ainda que outras pessoas compartilhem o mesmo sentimento. Cada ser humano tem a sua própria maneira de passar por um momento difícil, principalmente quando se trata de dor emocional, desde um choro incessante até os dias que irão seguir com novas manifestações.
Quais sinais ficam evidentes?
O processo de luto conduz inevitavelmente a alterações de comportamento, impactando nas relações da pessoa em luto com os outros, no ambiente social.
Além disso, a expressão do luto pode se dar por manifestações físicas, como o choro, porém, na parte emocional, podem ser perceptíveis através de:
- Sinais de tristeza constante;
- Demonstrar irritação constante;
- Ansiedade.
O luto é silencioso?
Também há quem se comporte de maneira silenciosa. Assim, percebe-se que não há um padrão ou estereótipo para caracterizar quem esteja passando pelo luto. Ele é o reflexo da capacidade emocional de lidar com momentos difíceis. Não há certo ou errado, obrigações ou motivos de vergonha.
Reações são consideradas normais, até certo ponto, e devem ser vivenciadas para que a pessoa que sofreu a perda consiga superar e voltar a seguir a vida com hábitos saudáveis.
Como a saúde mental pode ser atingida?
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o conceito de saúde mental está relacionado ao bem-estar psicológico, ou seja, a sensação de bem-estar e harmonia interna do indivíduo. O luto é um dos diversos fatores que são capazes de abalar profundamente a mente do ser humano e seu convívio social.
Neste processo, uma das principais doenças que podem surgir é a depressão. Caso a pessoa não esteja bem e não tenha suporte, é provável que possa vir a enfrentar mais essa doença, ou até mesmo quem já tenha histórico de depressão. Por isso, é sempre fundamental o acompanhamento médico e psicológico.
O ideal é que a pessoa não deixe de manter a rotina de trabalho, convívio com a família e amigos, assim como atividades de lazer que lhe proporcionem bem-estar. A doença, ou o próprio sentimento de luto, são apenas um aspecto dentro do paciente, apesar do peso acumulado dentro de si. É importante que atividades saudáveis tenham espaço no dia a dia, e assim a mente pode distribuir a atenção para outras coisas também, aliviando o interior.
Por que o luto nem sempre está associado à morte?
O luto é compreendido, por muitos profissionais da psicologia, como uma reação à uma impactante perda. Por essa razão, em alguns casos, pode não ter ligação com a morte.
Perdas de oportunidades, experiências que não voltam mais, grandes mudanças, fins de relacionamentos, mudanças de emprego e outras situações de rompimentos drásticos ao longo da vida podem levar ao luto.
*O psicólogo Felipe Laccelva fundou a Fepo em 2018, a startup que tem por objetivo realizar atendimentos psicológicos de forma online, possui sessões a partir de R$38,00 e mais de 60 profissionais disponíveis.