Seis mitos e verdades sobre psiquiatria

Seis mitos e verdades sobre psiquiatria

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 700 milhões de pessoas no mundo são afetadas por algum tipo de transtorno mental. O Plano de Ação para a Saúde Mental da OMS 2013-2020 mostra que as doenças mentais representam 13% do total de todas as doenças do mundo e já representam uma a cada três patologias não transmissíveis. Segundo as estimativas, cerca de 350 milhões de pessoas devem sofrer de depressão e 90 milhões têm uma desordem pelo abuso ou dependência de substâncias. 

É comprovado que parentes de primeiro grau de indivíduos com transtorno depressivo apresentam duas a três vezes mais chances de terem um quadro depressivo. Mas ainda existe um certo preconceito a respeito de diversos aspectos da psiquiatria, geralmente por falta de informação sobre o assunto. O professor do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP) e psiquiatra do SPA Estância do Lago, Ricardo Assmé, ajuda a desmistificar algumas dúvidas e aponta alguns mitos e verdades referentes ao assunto. 

1 – Pessoas com transtorno bipolar conseguem ter uma vida normal?

VERDADE – “O objetivo do tratamento do transtorno bipolar é que as pessoas tenham uma vida normal e, sim, elas conseguem. Às vezes, o transtorno bipolar exige um pouco mais de paciência do médico e do paciente, mas o paciente atingirá uma estabilidade no humor. Hoje, em termos de psicofarmacologia, existem estabilizadores de humor que proporcionam que o paciente fique bem e estável, com poucos efeitos colaterais ou, às vezes, nenhum efeito colateral. Claro que podem ocorrer pequenas oscilações de humor, mas o objetivo do médico é sempre a remissão completa dos sintomas e esse objetivo acaba sendo atingido, explica o psiquiatra. 

2 – Depressão ou ansiedade pode impedir o paciente de trabalhar?

VERDADE – “A depressão e a ansiedade estão entre as doenças que mais causam faltas ao trabalho. As principais causas de afastamento do trabalho normalmente são dores lombares, infecções respiratórias, lesões por esforço repetitivo e também a depressão, que é uma doença caracterizada por retirar energia e produtividade. Portanto, a depressão pode levar o paciente a não trabalhar. É claro que não é sempre que isso acontece. Quando o paciente inicia o tratamento, facilmente o quadro é revertido e ele volta a ter uma vida normal. Mas a doença é grave e é muito prevalente na população. Aproximadamente, uma a cada três mulheres e um a cada cinco homens apresentarão um episódio depressivo ao longo da vida. A depressão é uma doença que impacta o mundo de maneira bem pronunciada e, com isso, impacta, logicamente, o mercado de trabalho, gerando inclusive custos altos ao sistema de saúde, mundialmente”, ressalta o especialista.
 
3 – Depressão e tristeza são a mesma coisa?

MITO – “Depressão e tristeza não são a mesma coisa. A tristeza se caracteriza principalmente por ser passageira. É um quadro em que o indivíduo tem menos problemas relacionados ao sono, a questões de alimentação e, normalmente, é um quadro em que não costuma existir ação suicida, então a duração da tristeza é menor e a gravidade dos sintomas também. A depressão se distingue da tristeza justamente por esses dois fatores, duração e gravidade. Se a tristeza está anormalmente pesada, é interessante buscar um profissional de saúde mental para fazer o diagnóstico correto”, orienta.

4 – Depressão pode levar à morte?

VERDADE – “A depressão grave pode, de fato, levar à morte, especialmente porque a depressão é uma das principais causas de suicídio. Cerca de 97% dos casos de suicídio estão associados a algum transtorno mental, sendo a depressão a principal responsável.”

5 – Transtorno mental é sinônimo de loucura ou fraqueza?

MITO – “A palavra loucura não é utilizada na psiquiatria. A psiquiatria é uma especialidade médica, como qualquer outra especialidade. Existem algumas expressões próprias para o diagnóstico. O que geralmente é chamado de loucura parecem ser quadros onde existem delírio ou alucinação, mas dizer que alguns transtornos mentais são loucura seria uma expressão pouco compreendida até entre os médicos. É uma expressão mais leiga. Já sobre transtorno mental ser considerado fraqueza, não faz sentido essa afirmação. Pelo contrário, pessoas que estão vivendo, por exemplo, situações muito difíceis, estão sob estresse emocional, e muitas vezes vivem aquela situação de uma maneira bastante adequada, são pessoas fortes, mas que em virtude desse estresse acabam desenvolvendo um quadro de ansiedade ou depressão”, esclarece Assmé. 

6 – Quando marcamos uma consulta com psiquiatra é porque o caso é grave?

MITO – “Não necessariamente o caso é grave, qualquer necessidade de diagnóstico na área mental necessita uma consulta com psiquiatra, que é o médico que pode fazer o diagnóstico, inclusive, é interessante que casos relativamente leves ou moderados passem pelo psiquiatra. Dessa maneira o médico pode estabelecer se existe realmente um diagnóstico de uma patologia ou se trata-se de uma situação de estresse vivencial e, havendo diagnóstico de uma doença, o psiquiatra pode decidir se é o caso de medicar o paciente ou se é o caso apenas de encaminhar para um psicólogo. Procurar um assemelha-se a procurar um gastroenterologista devido a uma situação de dor abdominal não grave, ou um urologista para ver como está a situação da próstata a fim de prevenir algumas doenças. Os médicos estão acostumados a lidar tanto com casos mais leves quanto com casos mais graves. Não deixe de procurar um psiquiatra por vergonha”, orienta.

Redação

Redação

Desde 1998, a Central Press ajuda a construir, ampliar, zelar e valorizar a reputação de empresas de vários portes e setores, com atuação nacional e internacional. É uma agência de comunicação “full service” com sólida experiência, que está em constante evolução. Afinal, é formada por profissionais inquietos e pautados pela criatividade. Dispõe de uma equipe multidisciplinar, com amplo conhecimento de mercado (Business Knowledge) e relacionamento estreito com lideranças e formadores de opinião. É formada por jornalistas, relações públicas, publicitários e especialistas em reputação, marketing, branding e comunicação empresarial. Atualmente, tem operações em Curitiba, Campo Grande, Cuiabá, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, além de escritórios de agências parceiras em Londres, Nova Iorque, Boston e Doha.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *