Governança de dados deve crescer, mas uso das informações ainda é desafio

Governança de dados deve crescer, mas uso das informações ainda é desafio

De acordo com a Straits Research, empresa mundial de consultoria e pesquisa de mercado, o tamanho do mercado global de governança de dados deve atingir um valor esperado de US$ 11,68 bilhões até 2030, com a taxa de crescimento anual composto de 21% durante o período de previsão (2022 até 2030). O levantamento revela a importância cada vez maior da cultura voltada para dados e da consequente tomada de decisões com base neles, processo chamado de DDDM (do inglês “data-driven decision making”).

“Sabemos que hoje, com a infinidade de dados disponíveis, podemos criar estratégias excelentes e tomar decisões muito bem embasadas. Porém, a gestão eficiente desses ativos, sobretudo na cadeia logística, ainda é um desafio significativo”, ressalta Fabio Sas, sócio e diretor comercial da Linear Softwares Matemáticos, uma das principais empresas brasileiras de softwares matemáticos voltados para a otimização de processos de supply chain

IA e o uso de dados

Um levantamento da IDC, empresa de inteligência de mercado, apontou que até 20% das iniciativas de IA falham sem uma infraestrutura de dados inteligente. Além disso, 17% das empresas consideradas mestres em inteligência artificial, assim denominadas por empregar processos e abordagens robustos que são essenciais para o sucesso da IA, apontaram os dados insuficientes para treinar modelos como uma das razões pelas quais suas iniciativas não cumprem os objetivos desejados.

“Isso mostra que até mesmo organizações líderes que tornaram a transformação da inteligência artificial como a base de sua estratégia de negócios enfrentam desafios significativos na hora de usar dados em suas iniciativas. Isso é um problema constante enfrentado no mercado, e não algo específico de pequenas empresas ou daquelas que não estão acostumadas com os processos”, aponta Sas.

Outros desafios enfrentados por empresas

Um estudo realizado pela McKinsey analisou a maturidade digital das principais empresas brasileiras, revelando que apenas 13% delas adotaram plenamente uma mentalidade baseada em dados, desenvolvendo uma cultura rigorosa de tomada de decisões objetivas ao nível estratégico, tático e operacional nas áreas de negócio. Além disso, apenas 12% das organizações alcançaram um nível avançado de maturidade no uso de dados e análises. Com isso, é possível afirmar que, apenas uma pequena parcela consegue capturar dados de maneira organizada e integrá-los em uma infraestrutura robusta.

Os desafios enfrentados pelas organizações são diversos. Entre os principais, destacam-se a qualidade deles, onde inconsistências e falta de padronização podem prejudicar a análise precisa e confiável. Além disso, no caso de empresas fornecendo soluções para terceiros, outros empecilhos constantes são problemas relacionados à privacidade e segurança, bem como barreiras no acesso e integração de dados provenientes de diferentes fontes e sistemas.

“A conscientização sobre a importância de uma cultura orientada por dados tem crescido, mas ainda temos um longo caminho pela frente. É preciso investir em capacitação e em ferramentas que promovem a análise de dados em todos os níveis organizacionais. Essa mudança cultural é fundamental para aproveitar plenamente os benefícios dos dados, garantindo que as decisões sejam fundamentadas em insights sólidos e análises precisas”, complementa Fabio.

O recurso mais valioso do mundo

Embora a ideia de usar dados para tomar decisões não seja nova, a forma como isso é realizado e a importância atribuída a essa prática têm se destacado nas últimas décadas. A disponibilidade de grandes volumes de dados, juntamente com os avanços tecnológicos, transformou o DDDM em uma prática essencial para empresas que desejam se manter competitivas no mercado moderno.

De acordo com outro levantamento da McKinsey, as empresas que utilizam dados digitais de forma intensiva relatam um crescimento acima da média de mercado, além de aumentos significativos no EBITDA, que podem variar de 15% a 25%.

“Por esse motivo, os dados são frequentemente considerados um dos recursos mais valiosos do mundo atualmente. A capacidade de coletar, processar e analisar esses ativos proporciona uma vantagem competitiva significativa. Do jeito certo, as empresas podem inovar, otimizar operações e oferecer experiências personalizadas aos clientes, tudo baseado em insights derivados de dados”, conclui o executivo da Linear.

DINO