Sete em cada dez pacientes nas UPAs de Maringá não precisam de atendimento de urgência

Sete em cada dez pacientes nas UPAs de Maringá não precisam de atendimento de urgência

Um levantamento realizado no feriado de 1º de maio revela um dado preocupante, porém recorrente: mais de 70% dos atendimentos realizados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Maringá foram classificados como de baixa gravidade — casos que poderiam ser resolvidos diretamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). O problema, entretanto, não é pontual. Esse padrão se repete também em dias normais, sobrecarregando o sistema de urgência e prejudicando o atendimento a quem realmente precisa.

Até as 22h do feriado, as UPAs das zonas Norte e Sul somaram 851 atendimentos. Destes, 472 (55,5%) foram classificados como “verde” (pouco urgentes), enquanto os registros não especificados — geralmente também de menor gravidade — totalizaram 273 casos (32,1%). Ou seja, mais de 70% dos atendimentos não eram urgências reais.

Confira os dados detalhados:

UPA Zona Norte

  • Total de atendimentos: 378
  • Classificação verde: 226 (59,8%)
  • Amarela: 48 (12,7%)
  • Outros: 104 (27,5%)

UPA Sul

  • Total de atendimentos: 473
  • Classificação verde: 246 (52,0%)
  • Amarela: 58 (12,3%)
  • Outros: 169 (35,7%)

Maringá utiliza o Protocolo de Manchester, um sistema internacional de classificação de risco que organiza os atendimentos por cores, conforme a gravidade dos sintomas.

O protocolo foi implantado na rede municipal durante a gestão do prefeito Ulisses Maia, como parte de um esforço para tornar os atendimentos mais eficientes e humanizados, priorizando os casos mais graves. Mesmo com esse critério técnico em vigor, a cultura de procurar a UPA para todo tipo de sintoma persiste.

Mais uma noite de agonia na UPA da Zona Sul?

Esse sistema, também adotado por hospitais particulares em todo o Brasil e em diversos países, como Reino Unido, Portugal e Canadá, prioriza os pacientes com maior risco e organiza o atendimento de forma mais justa.

O problema não está na estrutura física das unidades, mas na falta de direcionamento correto da população e na necessidade de melhorar a gestão das 35 UBSs.

Diante desses números, qualquer pessoa com bom senso chega à mesma conclusão: não há necessidade de construir novas UPAs. O caminho mais eficaz — e responsável — é fortalecer a atenção básica, investir em campanhas de conscientização e readequar o fluxo de trabalho das UBSs. Essa mudança poderia reduzir significativamente a demanda nas UPAs e melhorar o atendimento de casos realmente urgentes, além de diminuir a sobrecarga sobre os profissionais da saúde, que enfrentam jornadas intensas lidando com uma demanda que poderia ser filtrada na base do sistema.

Com planejamento, informação e gestão eficiente, é possível reorganizar o sistema de saúde municipal, proporcionando um atendimento mais justo, ágil e seguro para todos.

Gilmar Ferreira

Gilmar Ferreira

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