Busca por regiões de luxo impulsiona setor imobiliário em SP

Busca por regiões de luxo impulsiona setor imobiliário em SP

O mercado imobiliário de alto padrão em São Paulo foi destacado em uma recente matéria divulgada pela Veja Negócios com números expressivos para o início de 2025. No primeiro trimestre do ano, os imóveis com valor acima de R$ 2 milhões movimentaram mais de R$ 4,6 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV), representando um salto de 21% em relação ao mesmo período de 2024. Os dados fazem parte de um levantamento realizado pela Pilar, startup especializada no segmento, com base nas informações de Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) da cidade.

O estudo não apenas destaca o volume financeiro movimentado, como também revela uma mudança significativa no mapa de luxo paulistano. Enquanto bairros tradicionais como Jardim Paulista (R$ 324,4 milhões), Vila Nova Conceição (R$ 319,1 milhões) e Jardim Europa (R$ 312,8 milhões) seguem no topo da lista em termos de VGV, regiões antes fora do eixo clássico do alto padrão começam a ganhar protagonismo. Vila Clementino, Vila Formosa e Bela Aliança, por exemplo, surgiram como novas apostas para quem busca exclusividade e valorização.

Para Rafael Machado, CEO da plataforma Meu Imóvel, o comportamento do mercado reflete uma demanda reprimida combinada a uma nova forma de consumir imóveis de luxo. “No caso do Jardim Paulista, Vila Nova Conceição e Itaim, bairros tradicionais na absorção de produtos de alto padrão, a falta de novos lançamentos nos anos anteriores fez com que a demanda subisse bastante, já que os compradores tradicionais destes bairros dificilmente migram para outros. Preferem esperar novos lançamentos que atendam às suas exigências de localização e qualidade do condomínio e apartamento. Já o caso dos bairros que surgiram na pesquisa como novos polos de absorção de produtos de alto padrão mostra o surgimento de novas “tribos” da classe média alta e alta. São bairros que apresentam uma ótima qualidade de vida e alta oferta de facilidades, criando novos núcleos de produtos que atendem a este público”, afirma.

Ainda com o levantamento divulgado pela pesquisa, o Jardim Paulista lidera o ranking anual de bairros com maior número de vendas acima de R$ 2 milhões, registrando 340 transações e um ticket médio de R$ 5 milhões. A Vila Nova Conceição aparece em segundo lugar com 217 vendas e ticket médio de R$ 6 milhões, seguida pelo Itaim Bibi, com 201 vendas e média de R$ 5,8 milhões por imóvel.

De acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o mercado como um todo cresceu 15% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2024. O levantamento também aponta alta no volume de lançamentos, com destaque para os empreendimentos de médio e alto padrão.

Na avaliação de Machado, o momento é positivo tanto para investidores quanto para famílias em busca de um novo lar. “Os novos bairros que estão se especializando nos produtos de alta renda ainda estão com preços muito atraentes se compararmos com os bairros tradicionais. A possibilidade de aumento desses preços nos próximos anos, em função do aumento da demanda, é uma realidade. Assim, a aquisição de imóveis para moradia, nestes locais, trazem junto a possibilidade de alta no seu valor patrimonial”, ressalta.

Com uma movimentação que ultrapassa R$ 1 bilhão em alguns bairros, São Paulo reafirma sua posição como termômetro do setor no país. Os próximos trimestres devem confirmar se a tendência de descentralização do luxo vai se consolidar ou abrir ainda mais espaço para novos polos de sofisticação na capital.

DINO