O vereador Guilherme Machado está nas nuvens com o nascimento da filha ou no mundo da lua?

O vereador Guilherme Machado, em recente iniciativa, solicitou ao prefeito Silvio Barros II (PP) a possibilidade de implantação de um aeroporto ou centro de operações para drones na cidade. A medida, embora aprovada pela Câmara, levanta sérias questões sobre sua real necessidade e relevância para a população de Maringá.
Em primeiro lugar, é importante considerar o contexto do uso de drones no Brasil. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) regulamenta os drones, definindo limites claros para operação em áreas urbanas e exigindo registros apenas para drones acima de 250 gramas ou para uso comercial. Na prática, a maior parte das operações de drones em cidades médias como Maringá envolve atividades pontuais, como entregas experimentais, fiscalização ambiental ou fotografia aérea, que não demandam um aeroporto exclusivo.
Além disso, do ponto de vista econômico, a criação de um centro de operações de drones exige investimentos significativos em infraestrutura, manutenção, tecnologia de monitoramento e pessoal qualificado. Para que tal investimento fosse justificável, seria necessário demonstrar uma demanda real e contínua de operadores de drones que não poderia ser atendida pelas atuais normas de operação. Até o momento, não há indícios de que Maringá conte com um setor industrial ou logístico de drones que justifique tal despesa pública.
Outro aspecto a considerar é a segurança e a logística urbana. A implantação de um aeroporto de drones em área urbana traz riscos de colisão com edificações, interferência com o tráfego aéreo local e impactos em áreas residenciais próximas. Esses riscos exigem planos de mitigação complexos, fiscalizações constantes e investimentos adicionais em tecnologia de monitoramento.
Por fim, é necessário refletir sobre a prioridade das demandas municipais. Maringá possui desafios concretos em mobilidade urbana, saúde, educação e segurança. Desviar recursos e atenção pública para um projeto que atende a um nicho altamente restrito de usuários de drones pode ser considerado um descompasso com as necessidades reais da população.
Em resumo, embora a tecnologia de drones seja promissora, não há evidências concretas de que a criação de um aeroporto ou centro de operações para drones em Maringá seja necessária ou vantajosa no contexto atual. A proposta parece atender mais a interesses individuais ou políticas de visibilidade do que às demandas coletivas da cidade. Antes de qualquer investimento, seria prudente realizar estudos detalhados sobre demanda, custos, riscos e impactos sociais, garantindo que recursos públicos sejam aplicados onde realmente geram benefício para a população.
Ainda em tempo, parabéns ao vereador pelo nascimento de sua primeira filha.