Chorão não bebe: o bolsonarismo prefere esquecer Gusttavo Lima e Zezé Di Camargo ao falar da Lei Rouanet?
Quando os fatos atrapalham o discurso, alguns preferem atacar os fatos. Em plenário, o senador Magno Malta voltou a recorrer à velha tática da simplificação grosseira ao afirmar que a Lei Rouanet estaria a serviço de artistas “de esquerda”, supostamente financiados para atacar a anistia, enquanto artistas alinhados a pautas conservadoras seriam perseguidos. A acusação é grave — e falsa.
A Lei Rouanet não é um instrumento ideológico. É um mecanismo de incentivo fiscal, com regras públicas, critérios técnicos e dados acessíveis. O problema para quem vive de narrativa é que os números desmontam o discurso com facilidade.
Faixa de canalização agora pode virar espaço de marketing para Massa FM ?
Basta olhar quem, de fato, lidera a captação de recursos. Entre os dez artistas mais beneficiados pela Lei Rouanet, estão nomes que jamais foram símbolos da militância de esquerda e que, em muitos casos, são frequentemente associados ao campo conservador.

Ranking dos artistas que mais captaram recursos via Lei Rouanet
01. Gusttavo Lima
02. Bruno e Marrone
03. Leonardo
04. Chitãozinho e Xororó
05. César Menotti e Fabiano
06. Zezé Di Camargo e Luciano
07. Eduardo Costa
08. Amado Batista
09. Henrique e Juliano
10. Fernando e Sorocaba
Diante dessa lista, a pergunta é inevitável: se a Lei Rouanet é um suposto reduto da esquerda, por que o topo do ranking é dominado pelo sertanejo? Onde estão os artistas que discursam contra a anistia e que, segundo Magno Malta, seriam os verdadeiros beneficiários do sistema?
A resposta é simples e incômoda: a narrativa de perseguição não encontra respaldo na realidade. O discurso que tenta separar artistas entre “os do bem” e “os do mal” serve apenas para inflamar plateias e desviar o foco dos fatos.
Artistas têm o direito de se posicionar politicamente. O que não é aceitável é distorcer dados públicos para sustentar uma farsa retórica. A democracia não se fortalece com mentira repetida em microfone. Ela se enfraquece quando parlamentares tratam a desinformação como estratégia.
Desmentir a falácia sobre a Lei Rouanet não é defender esquerda ou direita. É defender a verdade. E isso deveria ser o mínimo exigido de quem ocupa uma cadeira no Senado.


