Paulo Vergueiro: Por que falo de política?
As diferenças entre os protestos de 50 anos atrás e os de hoje
Há uma diferença clássica em contar a história por informações obtidas nas aulas OU publicações; A coisa é bem diferente do que uma versão narrada por quem fez parte da história.
UM pouco da minha história política. As 14 entrei num grupo de ações políticas em SP, Apesar de adolescente, fui nomeado ” o cara do mimeografo”. De tanto ler e compor os textos de protestos, tomei gosto e passei a escrever. Tínhamos um “tabloide” feito todo em mimeografo. Numa semana produzíamos e na outra fazíamos a distribuição.
Com uma caixa de feira (aquela que embala verduras nos ceasas) subia (eu) em cima dela e discursava. Enquanto isso, os companheiros ficavam nas esquinas, de olho em alguma viatura policial. Quando surgia uma, corríamos pelas ruas de mão oposta à dos policiais.
As vezes falhava éramos conduzidos a delegacia e por ser menor eu era libertado. Nem sempre!!! Uma vez fiquei mais de 20 dias numa sala.
Viajamos por diversas capitais e cidades do interior de São Paulo, de CARONA, PARANDO E FAZENDO MANIFESTAÇÕES.
PASSADOS MAIS DE 50 ANOS, vejo uma molecada desinformada ou sequer informada, por meio de professores, que transferem experiências de doutrinas ou acadêmicas, desconhecendo a realidade da época.
Quero ver dormir em praça pública, na balsa RIO-Niterói, nas praias, nas rodoviárias, tudo para pedir a volta da democracia. E hoje ver isso que aí está.]
A LUTA PELO PODER. MENTIRAS, ATAQUES PESSOAIS, ÓDIO…
Num caixote de feira, numa esquina qq em SP, O DISCURSO ERA PELA LIBERDE, COM AMOR E RESPEITO.
CANTÁVAMOS O HINO NACIONAL ANTES DO DISCURSO E A MÃO NO PEITO ERA OBRIGATÓRIO.
Promovíamos o embate? SIM, COM BASE NO DIÁLOGO OU NA PANCADA SE FOSSE NECESSÁRIA. NUNCA COM OFENSAS PESSOAIS.
O BRASIL É MAIS QUE ESSES POLÍTICOS.
Eu posso contar a ditadura, porque a enfrentei em “pelo” no dorso da repressão, na dor da borracharia de um policial, mas sem perder o foco de reconquistar um Brasil livre, pacificado, justo com VALORES e princípios respeitados.
Nunca imaginei q 50 anos depois teríamos que evitar a esquerda e a direita e lutar para a nova opção surja, porque do contrário estaremos de novo em pé, num Velho caixote, não mais com 15 anos, agora com 65, mas com a mesma determinação; quero um Brasil livre, grande, para todos os brasileiros.